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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

FLIP: A FESTA DA LITERATURA


                                                                       IMG:O Globo
Movida por uma curiosidade saudável embarquei para Paraty;passei por cima da dificuldade de acesso – quase cinco horas de carro do Galeão até lá – enfrentando chuva e frio, além das curvas da estrada de Santos e as barreiras caídas na estrada –compensadas pela beleza das paisagens,mar e montanha,pelas vistas de Mangaratiba, Itacuruçá e Angra.

Mal cheguei dirigi-me à tenda onde teriam lugar as mesas de debates.

Toda a festa estava restrita ao Centro Histórico,porém,não havia confusão,apenas filas que se estendiam pelo amplo recinto . e funcionários atentos e cordiais prontos a atender esse público exigente e seleto.

Além das mesas que custavam $40.00 cada uma,as pessoas podiam optar pelos telões situados num ambiente confortável e climatizado ,onde se participava de tudo o que ocorria nas mesas, inclusive com traduções simultâneas,ao módico preço de $5.

Foi assim que assisti Isabel Allende,simpática e afável e o debate entre um judeu e uma iraniana.

As tendas e telões,visão noturna

Devo dizer que toda minha viagem ,resolvida em cima da hora,foi comprada pela Internet,sem dor,com anestesia,no conforto do meu escritório.Passagens aéreas (levei meu neto) ,traslado de ida e volta e hotel,tudo funcionou perfeitamente,sem dor de cabeça.

As mesas e telões foram comprados no site da FLIP por meio de cartões de crédito ou débito,com total acerto e segurança.

Quanto às acomodações lá tive um pouco de dificuldade porque todos os hotéis e pousadas que constavam da Rede estavam lotados.

Os melhores ,Cuxixo,Aconchego e a Pousada do Príncipe foram reservados pelo governo para funcionários e autores.

Fiquei numa pousada na praia de Jabaquara, simples,porém muito agradável, embora não dispusesse de Internet nem telefone nos apartamentos.Uma pequena caminhada matinal,respirando o ar puro e ouvindo os pássaros,levava-nos ao Centro ,com suas ruas belíssimas,casarões seculares e um ar setecentista,encantador.

Paraty,centro histórico
Paraty é uma galeria de arte a céu aberto;pintores,escultores,artesãos,estão por perto com trabalhos deslumbrantes,como o uruguaio que transforma moedas em verdadeiras obras de arte,pingentes e chaveiros.Ou o atelier de Monsieur Pardon, com magníficas telas e gravuras.Uma pausa para admirar as roupas da Ave Maria,que transformam qualquer mulher comum numa rainha.Salgadas,mas,valem cada centavo que se pagar por elas.

Por falar em coisas salgadas, os restaurantes do Centro e os táxis são proibitivos.Em alguns ,o preço alto -$50. por pessoa – não corresponde à qualidade nem ao sabor do que é servido.No sofisticado Banana da Terra,o bufê custa $100. por pessoa.

Quanto aos taxis,qualquer corrida custa $20.Pergunto-me porque o prefeito não desenvolve um sistema de adoráveis charretes,como em Sintra,tão românticas e típicas,casando-se perfeitamente com o estilo da cidade que lembra sinhazinhas e mucamas.

O povo é um espetáculo à parte;lembram os baianos na afabilidade,na gentileza e na forma como fazem amigos e na filosofia de vida.

Grau dez para a segurança.Andamos nas ruas a qualquer hora do dia ou da noite completamente tranqüilos.Não vi mendigos,pedintes ou meninos de rua.Não se fala em roubos ou assaltos.

O espaço das ruas é aberto aos alternativos,poetas,trovadores,cordelistas e escritores independentes.Podem ,livremente,comercializar seus trabalhos ao ar livre,retirando um crachá na Casa Azul.

Alguns habitués da Flip acharam fraca a deste ano;reclamavam da ausência de bons autores e do academicismo reinante,além da presença maciça de intelectuais da USP,seja como participantes ou mediadores.Apesar de dedicada ao pernambucano Gilberto Freyre,senti falta de escritores nordestinos por lá.

Ferreira Goulart apareceu no sábado,trazendo sua bela poesia;

O polêmico Salman Rushdie, (Versos Satânicos) apareceu na 6ª falando de seus novos livros;a cubana Wendy Guerra,chamou atenção pela beleza e nada mais.Isabel Allende trouxe muito público,lançou um livro e encantou pela simpatia e presença encantadoras.

Como vêm,a grande maioria era de escritores estrangeiros e politicamente corretos,alinhados ao establishment conservador e sem novidades ou alternativas para oferecer.Nada de novo no front da Literatura,que pena!

Isso nas mesas e telões;nas ruas,os alternativos salvavam a mesmice do tucanato bem comportado.

Havia um espaço interessante dedicado à criançada,com poesias,livros e jogos.

Tudo vi e tudo quis saber;selecionei os autores que me interessavam e gastei o resto do tempo conhecendo a cidade,falando e ouvindo,prestando atenção.

                       Os simpáticos David e Jacó,em cujo restaurante lancei o"A Bahia de Outrora"

Convidada pelo simpático David e seu amigo Jacó Carvalho,excelente músico,lancei o “A Bahia de Outrora” no restaurante da Gina,um dos mais freqüentados do Centro Histórico,para um público de alto nível,como o Secretário da Cultura de São Paulo.

Aberto o espaço para mim,falei um pouco sobre o livro,a Bahia, e tive a felicidade de ter todos os exemplares que levei,comercializados.

Pela curiosidade despertada pelo livro e seu conteúdo,percebi que a Bahia deveria ser representada,sim,na próxima Flip;que tal lançarmos sinais de fumaça aos responsáveis pela organização da Festa e tentar ganhar um lugar ao sol deslumbrante de Paraty?

Com a palavra nossos governantes e entidades culturais.

Ainda há muito o que falar sobre essa festa e a cidade onde se desenrolou.Voltaremos ao tema.

Espaço nas ruas para os independentes

2 comentários:

  1. Posso imaginar sua alegria como criança numa loja de doces.Um sonho a ser perseguido este evento.Bom que voce teve este grato prazer Miriam.

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  2. Amigo Toninho,quem sabe poderemos levar autores baianos na próxima FLIP?
    N/ fui lá só pensando em mim.Quero sempre divulgar o q/ a Bahia tem de bom. bjs

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