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segunda-feira, 25 de abril de 2011

TIRADENTES, MÁRTIR!

                               Sentença de Tiradentes


É,as coisas não andavam muito boas em 1789 nas Minas Gerais.
Esmagados pelos impostos que a Coroa Portuguesa exigia e de saco cheio de tanta proibição , tanto escárnio,tanta chatice , os mineiros resolveram dar um basta e fazer a Conjuração ou Inconfidência Mineira.
Esse movimento veio do alto, formado por padres, juízes,comerciantes,profissionais liberais,porém, no meio deles, estava o alferes.
Sim, um simples alferes,um quase ninguém diante de tantos nomes pomposos.Um homem do povo,idealista e sonhador.
Pobre, idealista e sonhador metido no meio dos poderosos deu no que deu; a corda,seja aqui ,em Minas ou na Cochinchina sempre arrebenta pelo lado mais fraco e Tiradentes pagou o pato;foi o único condenado a morte,justo o único que não tinha poder para desafiar a Coroa.
A morte injuriosa pela forca até que, guardadas as  proporções,não foi tão má.Rápida e indolor,segundo alguns.Era para ser esquartejado ,uma morte horrível,na execução da qual nossos piedosos portugueses eram exímios.Afinal,Tiradentes era um perigoso terrorista,quase AL-Qaidiano,se houvesse a AL- Qaida naqueles tempos; Deus foi por ele;escapou de ter seus ossos estalados,seu corpo retalhado,foi poupado dessa morte tão cruel,em vida.
O esquartejaram depois de morto, sua cabeça indo parar espetada numa estaca,no Rio de Janeiro,pedaços do seu corpo espalhado pelas estradas de Minas.
Afinal, ele e seus colegas de rebeldia foram condenados por alta – traição; traição era discordar do rei,discursar contra ele,escrever artigos nos jornais  contra a Coroa,mobilizar o povo,crime que as Ordenações do Reino punia com mortes dolorosíssimas; pois  esse
moço,alferes,minerador,dentista,entrou nessa roubada e se deu  mal.
Antes Joaquim José da Silva Xavier tivesse continuado a tirar dentes nos sertões de Minas,(daí sua alcunha) em vez de se meter em briga de cachorro grande,pois,quando a elite e o clero sentiram que estavam avançando nos seus bolsos,graças à Derrama (cobrança de impostos atrasados) saíram no pau contra os lusos, provando 
que o órgão mais sensível do homem é o bolso.
Tiradentes aderiu patrioticamente  , achando que estava lutando contra a exploração do Brasil pela Metrópole ,mas,na  verdade, estava mesmo era entrando numa briga provinciana.
E , foi ai que o bicho pegou;os ricos logo  correram para sair bem na foto e sobrou para a militância;foram condenados à morte depois convertida em degredo e  o alferes foi o único “premiado” com a pena de morte, que D. Maria,  tão “boazinha”,coitada , converteu de esquartejamento para enforcamento.
Triste foi enfrentar, algemado, a longa viagem de Vila Rica ao Rio,onde a morte seria realizada,num sábado,para garantir a platéia,e todas as pompas e circunstancias devidas a um acontecimento real.Afinal,a Revolução Francesa estava ai mesmo, do lado ,e os reis temiam pelas suas cabeças.
“Vi o penitente
de corda ao pescoço.
A morte era o menos:
mais era o alvoroço.
Se morrer é triste,
porque tanta gente
vinha   pela rua
com   ar de contente?”
(Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência)
Tiradentes morreu rápido; a dor coube à família, que não o pode enterrar e ainda foi considerada “infame” até à quarta geração.Muitos trocaram de nome e rumo para não carregar essa pecha.
Mas, e a D. Maria,a rainha,a queridinha dos padres que a exploravam,a triste viúva menina de um rei bem – amado,o que lhe aconteceu?
Meses depois da morte de Tiradentes enlouqueceu, veio aos berros de “não  quero!” para o Brasil,onde enclausurada num convento devido á insanidade,passeava com suas aias,despreocupada,sem lembrar de nada, objeto da risota da plebe que  dizia:
-“Lá vai Maria com as outras”;Maria sem forças,Maria sem 
poder,Maria levada pelas outras,Maria ,agora, ninguém.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

SEGUNDA REUNIÃO DA U.B.E. /BAHIA



“Se eu não for por mim, quem será por mim?
Se eu não tomar conta de mim, quem sou eu?!
Se não for agora, quando será?”
                                                        Provérbio judeu
N ão posso dizer que tenha sido muito concorrida. Mas,desde quando , tamanho é documento?
As treze pessoas (número emblemático!) que compareceram à Biblioteca Thales de Azevedo, para a segunda reunião da U.B.E. eram as  aguerridas pessoas que sempre defenderam nossa Literatura e nossos autores contra tudo e contra todos.
Apostolicamente, e sem visar ganhos e/ ou promoções pessoais, esses corajosos escritores começaram a traçar rotas para acabar com a burocracia que, desde o saudoso Monteiro Lobato vem sendo  um entrave ao autor, seja nas licitações,patrocínios estatais ou a mera procura de editores e livreiros,na publicação e colocação da sua produção literária.
Muitas mentes juntas bolaram idéias, encontraram soluções,determinaram meios de divulgação  daqueles bons autores que, por não gerarem notícias,são esquecidos pela mídia.
Escrever, poetar,todos podem e devem.O público sabe separar o joio do trigo.Haverá sempre espaço para os melhores.
Mas, aqueles  que não quiserem ser festejados ‘post-mortem”
  devem  deixar o  conforto das suas casas e partir para a luta .
Parece que um segmento do “povo do livro” , o autor, não se dá conta do poder da palavra,  ou seja,o seu poder.
Tente, depois de lutar muito para conseguir, chegar até um governante ou a seus assessores pedindo uma audiência ou entrevista.Vá sozinho e se sentirá intimidado  ,temeroso nas suas reivindicações.
Agora, reúna um grupo e , ao ser recebido, o grupo mostrará sua força.
Dependendo do que acontecer naquela salinha, você,Sua Excelência,o Autor, poderá eleger, ou não,aquele cidadão.Com o poder da sua palavra.Com a divulgação dos seus atos. Com a força da sua  argumentação. Estou falando aqui de grupos, pois, a união faz a força.
Isso me remete à minha crença mais forte. O autor não pode dispensar a Internet, que hoje em dia,tuitando aqui,orkutando ali,derruba até ditadores sem  derramar uma gota de sangue.
Ano passado, nos meus espaços, citei um candidato a deputado que tinha uma proposta séria para a educação; não fiz campanha, apenas citei a forma como nossa entidade foi recebida por ele e nossas sugestões atendidas com  presteza.
Pois não é que o cara foi eleito?! Recebi muitas consultas por e-mail sobre ele,orientei as pessoas que estudassem seu currículo, o certo é que a eleição aconteceu.Não por minha causa, é claro, mas,ajudei colocando um tijolinho.
Não pelo  político , mas,pelo conjunto da obra.
Lamento pelos que, convidados, não compareceram; perderam o ensejo de  opinar ,reivindicar, participar.
Agora, de uma coisa estou certa. Quando tudo estiver implantado e resolvido, quando os frutos começarem a madurar, aí ,então, todos estarão lá,querendo um pedacinho da fruta.Ora,se!
Porque nós não vamos arrepiar caminho. A turma é boa, inclui militantes históricos como Boa Morte e Leal ,além de Carlos Souza e esta ativista militante aqui que vos fala.
Estamos combinando   seminários,papo com escritores,visitas às entidades do Livro e empresas candidatas ao mecenato, um site divulgando autores e notícias , espaço em shoppings,geração de notícias para puxar a mídia impressa para nós, vai seu uma revolução cultural nessa cidade.
Você, amigo, ainda pode pegar o bonde andando.
“Aquele que se decide a parar até que as coisas melhorem, verificará , depois que,aqueles que não descansaram e seguiram em frente estão tão distantes que jamais poderão ser alcançados.”
Pense nisto! 

sexta-feira, 15 de abril de 2011

NOVA EDIÇÃO DO LIVRO " A BAHIA DE OUTRORA"


A SEGUNDA EDIÇÃO   " A BAHIA DE OUTRORA" JÁ ESTÁ NAS LIVRARIAS À DISPOSIÇÃO DOS LEITORES.
O LIVRO DE AUTOR BAIANO MAIS VENDIDO EM 2010.
1ª EDIÇÃO ESGOTADA!
Vem com textos novos e excelentes recomendações na contra - capa.
O presente da autora para seus leitores continua.
Levando para casa essa nova edição ,o leitor ganhará o E- book "As Filhas do General".
O livro custa $28.00 e poderá ser enviado, gratuitamente,via sedex,para qualquer parte do mundo.
Reside fora de Salvador?
Peça o seu pelo e-mail: miriamdesales@gmail.com
Ou compre nas livrarias credenciadas:
Galeria do Livro ,(Praça Castro Alves,no Espaço Gláuber Rocha)
LDM (Rua Direta  da Piedade, centro)
Livraria do Aeroporto
Banca de Revistas (Shopping Barra,térreo)
Livraria Cultura (Shopping Salvador)











segunda-feira, 11 de abril de 2011

LER É CRESCER!


Quando eu era criança minha mãe me presenteou com as obras completas de Monteiro Lobato.
Eu era uma criança solitária, filha única e vivia numa pequena cidade do interior,sem diversões nem vida cultural interessante.
Pela mão de Monteiro Lobato descobri o mundo e as pessoas; D. Benta,a vovó carinhosa que contava belas estórias,Tia Nastácia,e a sabedoria popular transmitida às crianças Pedrinho e Narizinho e a destrambelhada boneca Emília,que depois virou gente,atrevida,irreverente,inconveniente como eu mesma.
Sempre digo que Lobato foi o meu pai espiritual ,mas,depois vieram muitos outros livros.Livros à man’cheia como queria o poeta,fazendo a criança pensar.
Nunca mais me senti solitária. Estou sempre rodeada de livros e tanto aos cinco anos quanto agora aos 68 os livros são a minha companhia.
Não temo a morte, mas,receio morrer sem ler todos os livros que desejo.
Mas, o propósito dessas reminiscências é lembrar aos pais e professores o quanto a leitura é importante para o bom desenvolvimento da criança.
Nesta nossa era cibernética, do computador,da Internet,dos games e até mesmo dos livros digitais que estão surgindo – e-books,e-readers – cabe a nós fazermos com que nossos garotos não percam o interesse pelo bom livro impresso,seu conteúdo e sua magia.
O livro é o tapete mágico que nos transporta a mundos diferentes, que nos abre portas para outras culturas e pessoas diversas e nos faz compreendê-las.
A Literatura deve ser levada às crianças e adolescentes de uma forma fácil, interessante,para que possa ser entendida por eles.
Um adolescente me confessa detestar Machado de Assis;acho apenas que Machado lhe foi apresentado de modo errado.
Talvez esse interesse que não veio, tenha sido prejudicado pela leitura em português castiço, antiquado para a nossa época ou essa leitura tenha sido obrigatória e o garoto não pode captar a beleza desses livros.
Pois os temas são os mesmos desde o começo dos tempos:amor,solidão,ciúme,traição,família,interesses,escusos ou não;os personagens vivem até hoje em outros corpos;quem não conhece alguma Capitu,ou Bentinho,ou José Dias,ou Escobar,ou o Ayres?
São eternos, puxa!
Poderiam ser nossos vizinhos, amigos próximos,parentes até.
Uma coisa parece certa; se os pais têm o hábito de ler os filhos terão também.
Se a criança receber livros de presente e esses livros forem interessantes, adequados às suas idades e explicados de forma informal pelos pais e professores,com certeza estaremos formando futuros leitores.
No Brasil temos um probleminha; os livros não chegam à senzala ,ou seja,crianças pobres de escolas públicas quase nunca têm acesso aos livros,principalmente porque o livro é caro para o bolso da maioria.
Porque não colocar um livro na cesta básica visando alimentar o espírito?
No meio de bolsa-escola, bolsa –família  etc porque não criar o vale-livro,formar bibliotecas nas escolas e centros comunitários,estimular o contador de estórias ,discutir a leitura, “fazer o povo pensar”?
Porque não  interessa aos donos do poder.Povo que pensa escolhe melhor seus governantes. 

segunda-feira, 4 de abril de 2011

HOMENAGEM A MONTEIRO LOBATO

VAMOS PRESERVAR NOSSA MEMÓRIA!



Os exemplos são inúmeros e tristonhos.
Não é privilégio do  Brasil ,acontece no mundo todo.Mas,aqui,em muito maior número.
Refiro-me ao esquecimento em que caem nossos poetas ,escritores,historiadores,quando a morte os leva ou,o que é pior,ainda em vida.
A diretora de uma conceituada biblioteca pública de  Salvador ,ciosa das nossas tradições,queria fazer uma homenagem ao 2 de julho,nossa data maior,relatando a história dos nossos heróis,hoje no limbo do esquecimento.
Seria muito oportuno  ,pensou,que alguém,um poeta,quiçá,recitasse o belo poema de Castro Alves ,”Ode ao 2 de Julho”,uma das mais belas poesias do renomado  vate baiano.Pois é,lutou,lutou,mas,não encontrou.
Pediu ajuda a uma poetisa (continuo chamando poetisa às mulheres da  poesia ,não como palavra depreciativa,mas,porque acho verdadeiramente ridículo,chamar uma mulher de poeta,uma palavra  nitidamente masculina.Para mim,poetisa soa mais doce e pronto!) que conhece e é conhecida nos meios poéticos,mas,não teve muito sucesso.
A poetisa  enviou um e-mail” comunitário” ,pedindo ajuda.
Recebi e telefonei imediatamente para a diretora oferecendo-me para declamar.
Seu suspiro de alívio  me aliviou,também.
Desde  adolescente,sempre fui convidada para recitar esses versos em praça pública,durante os festejos da nossa Independência.
Houve uma época em  que ,adolescente rebelde e pouco afeita à exposições,cheguei a mudar o nome dos versos:transformei-os em “Ódio ao Dois de Julho”,revoltada com essa tarefa repetida todos os anos.Que me perdoe o poeta,ele,também um revolucionário e transgressor.
Mas, voltando ao tema inicial;é terrível perceber como esquecemos dos nossos maiores literatos.
Augusto dos Anjos ,Bastos Tigre,Bilac,Cyro dos Anjos,Adonias Filho, Menotti Del Picchia,quem os lê!?
 Artur  e Aloísio Azevedo, Manoel Antonio de Almeida,  Tobias Barreto,onde estarão?Que foi feito de Dionélio Machado?
Guimarães Rosa dizia que um poeta não  morre ,fica encantado.
Mas , o desencanto persiste.Um livro só tem serventia se for aberto e lido.Um escritor conquista a imortalidade pelas suas obras.
Se Deus necessita de homens ,  o escritor precisa do leitor.
Não qualquer leitor,,mas, um  leitor inteligente e consciente que leia e entenda as sutilezas do texto,que absorva o simbolismo da linguagem,que perceba as abstrações e capte as diferenças de estilo,os meandros e claro – escuros  dos versos,as entrelinhas do texto impresso.
Muitos jovens que conheço confessam que não gostam de ler.Querem apenas o “canudo”,pois,num pais de bacharéis,que nunca deixamos de ser,exige-se diploma de curso superior para tudo.Mesmo que o diplomado escreva cachorro com x e macaco com k.
Como alguém que não lê nada pode chegar ao ensino superior? Mistérios!
Como escritora desejo ser preservada; pretendo que meus livros falem  por mim , depois que eu virar pó.
Do contrário, as minhas se transformarão em letras mortas, sem ninguém que abra meus livros e eles acabem como calço para mesas  desequilibradas.Como acontece nos países de mentes desequilibradas.
Por precaução, enviei meu livro “A Bahia de Outrora”  para a Biblioteca da Universidade de Harvard;foi aceito,com muita honra,segundo o responsável.
 ,pelo menos,tenho certeza que não acabará calçando cabeceiras de cama mal ajambradas.


IMG: Uma estante caseira em forma de livro.Idéia bacana encontrada no site http:// jaeh.me
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